FENAUD debate inteligência artificial no controle interno e lança Carta do Rio de Janeiro com diretrizes para as carreiras

A Federação Nacional dos Auditores de Controle Interno (FENAUD) realizou nesta terça-feira, 22 de abril, no Rio de Janeiro, o 2º Encontro Nacional de Controle Interno. O evento reuniu especialistas, auditores de todo o país e representantes de entidades filiadas à Federação para debater o tema “Controle Interno na Era da Inteligência Artificial”.

O primeiro painel, intitulado “Auditoria Governamental em tempos de Inteligência Artificial”, trouxe ao centro do debate o uso de tecnologias como mineração de dados e machine learning no setor público. A Auditora Federal de Finanças e Controle Patricia Helena de Andrade, doutoranda em Ciência da Computação pela UFMG, e o coordenador-geral de Infraestrutura Tecnológica da CGU, Jefte Medeiros de Souza, especialista em Ciência de Dados pela USP, compartilharam experiências práticas da Controladoria-Geral da União com o uso de IA.

Patrícia destacou que no iinício havia muita desconfiança, mas aos poucos os servidores passaram a entender que a ferramenta poderia ajudar na identificação de padrões,  não necessariamente fraudes, mas informações relevantes para análise dos auditores. “A CGU tem desenvolvido várias ferramentas nessa área, como a ALICE, que analisa licitações, e hoje temos a LIA, que permite aos servidores trabalharem com IA de forma segura”, explicou.

A segurança, inclusive, foi um dos fundamentos para o desenvolvimento de uma inteligência artificial generativa própria. “Quando se usa o ChatGPT, não há governança sobre os dados inseridos. Eles são reutilizados para aprendizado e melhoria do modelo. Para uso em ambiente corporativo, é preciso um ambiente seguro e governado”, acrescentou Jefte Medeiros.

Apesar das dúvidas que surgem com a multiplicação dessas tecnologias, os especialistas reforçaram que as competências dos auditores continuam sendo imprescindíveis. “A IA transforma dados em informação e informação em conhecimento, mas não tem capacidade de analisar o contexto completo e tomar decisões. Isso ainda é tarefa humana. No controle interno, isso significa que, mesmo com uma infinidade de dados processados, se não dermos as instruções corretas, a IA não chegará a conclusões válidas. Nosso papel continua essencial”, destacou Dheymia Araújo Lima, coordenadora de projetos do Banco da Amazônia e idealizadora do projeto Somos Auditores.

Mediando a mesa, o vice-presidente para Assuntos Federais da FENAUD e presidente da UNAMEC, Paulo Marcelo Barbosa, ressaltou a importância do tema. “Debater o uso da inteligência artificial nos processos de auditoria e explanar sobre o formato do sistema de controle interno perante o cenário de transformação do estado, encabeçado pela atualização do Decreto-Lei 200/1967 e pelas as propostas legislativas de regulamentação do controle interno nos entes públicos, proporcionam aos auditores governamentais um maior protagonismo nos diálogos e discussões sobre um novo ecossistema organizacional da administração pública brasileira e sua harmonização com os processos automação por IA”, pontuou. 

No segundo painel, o presidente da FENAUD, Rudinei Marques, Paulo Marcelo e a vice-presidente da UNASUS Sindical, Maria da Graça Fantonelli, ao lado de outros representantes, debateram diretrizes para a reorganização das carreiras de controle interno no Brasil.

Rudinei e Paulo defenderam a necessidade de organização política da categoria e o fortalecimento das entidades representativas, visando ampliar a interlocução em defesa dos direitos, prerrogativas e interesses dos auditores de controle interno em todo o país.

O encerramento do encontro foi marcado pelo lançamento da Carta do Rio de Janeiro, documento que propõe um pacto federativo pela valorização, padronização e fortalecimento das carreiras de controle interno. A carta é endereçada aos chefes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário dos entes federados e propõe, entre outras diretrizes: padronização da nomenclatura funcional para Auditor de Controle Interno; ingresso exclusivo por concurso público e reconhecimento como carreira de Estado; garantias de independência técnica e funcional aos auditores; remuneração compatível com a complexidade e responsabilidade do cargo; e valorização institucional dos órgãos de controle interno.

“É chegada a hora de superar a fragmentação e de reafirmar o papel estratégico dos Auditores de Controle Interno como agentes de transformação da gestão pública. Que essa carta represente o primeiro passo de uma jornada comum, republicana e democrática, em direção a um modelo de controle interno robusto, articulado e padronizado em todo o Brasil”, diz um trecho do documento.

Acesse a íntegra abaixo.

CARTA DO RIO DE JANEIRO – FENAUD

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